A Pré-História
O termo "pré-história" é comumente utilizado para descrever o período da história humana anterior à invenção da escrita. No entanto, esse conceito tem sido amplamente discutido e revisado por historiadores e arqueólogos contemporâneos, que consideram o termo inadequado. Afinal, ele sugere, de forma equivocada, que o período em questão seria anterior à própria existência da humanidade. Em vez disso, o que se procura destacar é que, durante a chamada "pré-história", não há registros escritos que documentem os eventos e processos históricos dessa época. Para uma visão mais precisa e atualizada, muitos especialistas optam por usar o termo “Pré-escrita” para se referir a esse período crucial da nossa evolução.
A História da Humanidade e o Surgimento da Escrita
A história da humanidade, de fato, é muito mais antiga do que a capacidade de registrar acontecimentos por meio da escrita. Desde os primeiros hominídeos até o advento das primeiras civilizações, os seres humanos evoluíram e criaram culturas complexas, mas sem deixar registros escritos de suas ações e pensamentos. Esse vasto período de tempo, que vai do surgimento dos primeiros hominídeos até o desenvolvimento da escrita, abrange uma parte fundamental da nossa evolução. Durante esse longo intervalo, os seres humanos passaram por inúmeras transformações sociais, culturais, tecnológicas e até mesmo biológicas, preparando o terreno para a invenção da escrita.
O Período “Pré-escrita”
Quando falamos sobre a época anterior à escrita, é importante ressaltar que não se trata de uma era sem história, mas sim de um período no qual os registros foram feitos por meio de outras formas de expressão, como pinturas rupestres, artefatos e ferramentas. Esses registros, embora não escritos, são uma importante fonte de conhecimento sobre as sociedades e culturas das primeiras civilizações humanas.
Durante o período "pré-escrita", nossos ancestrais desenvolviam habilidades tecnológicas cada vez mais complexas, como a fabricação de ferramentas de pedra, a domesticação de animais, a agricultura e, eventualmente, o surgimento de sociedades mais organizadas. Isso não significa que a história da humanidade estivesse parada, mas sim que, nesse momento, os métodos para registrar e transmitir o conhecimento eram diferentes daqueles que surgiriam com a escrita.
A comunicação visual, através de pinturas nas cavernas, objetos decorados e utensílios, era uma das formas predominantes de registrar informações, emoções e narrativas. As famosas pinturas rupestres encontradas em várias partes do mundo, como na caverna de Altamira, na Espanha, são exemplos dessas formas de expressão que, apesar de não serem escritas, têm grande valor histórico e cultural. Elas nos fornecem uma janela para entender como os primeiros seres humanos viam o mundo ao seu redor e como interagiam com a natureza e os outros seres vivos.
O Desenvolvimento das Primeiras Culturas e Tecnologias
Mesmo sem a escrita, as culturas humanas avançaram significativamente. O desenvolvimento de ferramentas foi uma das primeiras evidências da capacidade humana de modificar seu ambiente para atender às suas necessidades. Desde os primeiros instrumentos de pedra, que começaram a ser utilizados pelos hominídeos, até o aperfeiçoamento de técnicas de fabricação de cerâmica, metalurgia e agricultura, as sociedades humanas começaram a criar as bases das civilizações que viriam a surgir.
Além disso, as primeiras sociedades começaram a desenvolver formas de organização social, evidentes nas sepulturas e nas estruturas de habitação encontradas pelos arqueólogos. Mesmo sem a escrita, as evidências de rituais religiosos, práticas funerárias e organização familiar sugerem que os seres humanos já possuíam uma complexa vida social e cultural.
A Transição para a História: A Invenção da Escrita
O grande divisor de águas entre o período “pré-escrita” e a história registrada foi, sem dúvida, o surgimento da escrita. A invenção da escrita marcou o início de uma nova era, onde as ideias, conquistas e eventos poderiam ser documentados de maneira mais duradoura e precisa. As primeiras formas de escrita, como os hieróglifos egípcios e a cuneiforme mesopotâmica, possibilitaram que as sociedades humanas registrassem suas leis, comércio, religião e eventos históricos, o que trouxe uma nova dimensão à maneira como os seres humanos preservavam e transmitiam conhecimento.
Conclusão: A Importância do Período Pré-escrita
Embora a nomenclatura “pré-história” tenha sido usada por muito tempo, ela acaba por criar uma impressão equivocada de que esse período da história humana era sem história ou sem importância. O mais adequado é considerá-lo como o período “pré-escrita”, pois, apesar da falta de registros escritos, ele foi essencial para o desenvolvimento das primeiras culturas, tecnologias e estruturas sociais humanas.
O estudo desse período nos permite compreender melhor as origens da humanidade e a longa jornada de adaptação, invenção e organização que levou à formação das primeiras civilizações. A história não começa com a escrita, mas com a evolução do ser humano e sua capacidade de criar e adaptar-se ao mundo, usando as ferramentas que estavam ao seu alcance, mesmo que essas ferramentas não envolvessem palavras escritas. Dessa forma, podemos celebrar a “pré-história” não como um período vazio de história, mas como a base que sustentou tudo o que viria depois.